quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sobre as horas e a hora certa


Para alguém ansioso, existem poucas coisas tão sofridas como a espera.
Nunca fui boa nisso, apesar de já ter tido alguma melhora de uns anos pra cá.
Mas tem hora que parece que alguém tá apertando minha garganta.
E não duvido que seja eu mesma. Dá até dificuldade de respirar, sério. Fundo então, nem se fala.
Pesadelos todo dia, sonhos malucos de toda sorte. Noites de sono interrompidas abruptamente, como se alguém viesse e me desse um mega cutucão.
Eu reclamo aqui, porque senão vão dizer por aí que reclamo demais.
Deixei de ser religiosa faz tempo, mas hoje acendi uma vela. E rezei, pedi, acreditei.
Ficar alternando dias de esperança, projeções legais de um futuro próximo com dias de completa exaustão mental, medo e angústia andam me deixando acabada.
E tem dias, claro, que queria morrer. E o que há de mal nisso? Não vou morrer por causa disso. Nem vou me matar. Nem deus vai me castigar. Todo mundo em algum momento já quis deixar de existir, porque naquela hora, simplesmente, existir tava difícil. Vamos reconhecer que é verdade, não vamos negar, é mais fácil e menos hipócrita.
Pronto falei.
Eu fiz tudo pra dar certo.
Mas se não der certo agora, será numa próxima vez, tenho certeza.
Quando era criança e, no mês de outubro, já ansiosa pela chegada do Natal, ouvia minha vó dizer: "Calma que até lá ainda tem muita água pra passar debaixo da ponte."
Soava meio desesperador. Afirmava que o Natal tava de fato longe e que coisas podiam acontecer no meio do caminho e mudar todos os nossos planos. Que droga, pensava.
Com o tempo fui vendo que depois de passadas as águas, havia mesmo acontecido várias coisas, talvez pra melhor, ou pra pior, mas o Natal sempre chegava.
A maturidade foi me ensinando que é mais esperto observar essas águas enquanto passam, aproveitá-las, estar atenta à movimentação até que chegue o momento. Porque ele chega mesmo. Mas sempre chega na hora certa
Então calma.

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